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Entenda a Síndrome do pôr do sol e aprenda a lidar com ela

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Cuidar de uma pessoa com demência é uma atividade que requer muito preparo físico e mental. Isso porque essas doenças acometem principalmente pessoas idosas, têm particularidades pouco divulgadas. Uma delas é a Síndrome do Pôr do Sol, um conjunto de sintomas marcado por intensas alterações comportamentais que surgem ao final do dia (daí o nome) e tendem a durar algumas horas.

Esse fenômeno não é considerado uma doença e, segundo a Sociedade Brasileira de Gerontologia, não há um consenso sobre o que provoca a súbita mudança de comportamento, no entanto, uma das possibilidades é que as alterações provocadas por doenças que deterioram a atividade mental possam “afetar o relógio biológico, levando a ciclos confusos de sono-vigília”, resultando nos sintomas marcados pela agitação.

Situações como cansaço, fome, sede, tédio dor e depressão também são destacadas como desencadeadoras da Síndrome do Pôr do Sol. Por ser pouco conhecida e não ter cura, ela pode ser bastante desafiadora para os cuidadores sem experiência em quadros de Alzheimer e outras demências.

Isso porque trata-se de um quadro agudo e perturbador em que o paciente pode apresentar agitação, confusão e irritabilidade bem como alucinações (alterações de percepção da realidade) e delírios (ideias que não condizem com a realidade), desestabilizando todos na casa em um momento em que o cansaço já é mais aparente.

A psicóloga e neuropsicóloga, Juliana Emy Yokomizo, que é colaboradora do Programa Terceira Idade (PROTER) do Instituto de Psiquiatra do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, explica que esses pacientes ficam com a cognição alterada à medida que a doença avança, e isso contribui para as mudanças no comportamento ao fim do dia.

“Nesse momento do dia há muita alteração de luz, sombra, barulho e outros aspectos ambientais que, acumulado com o cansaço do passar do dia, se torna estressante para o idoso doente”.

Juliana Yokomizo é colaboradora do Programa Terceira Idade (PROTER) do Instituto de Psiquiatra do HCFMUSP.

De acordo com ela, nem todos os idosos vão sofrer com a Síndrome do Pôr do Sol, mas os estudos trazem uma ampla faixa de prevalência, que vai de 2,5% a 66% dos acometidos por Alzheimer e outras demências.  “A tendência é que ela ocorra especialmente conforme o avançar da doença”, avalia.

O que fazer durante a Síndrome do Pôr do Sol?

O primeiro passo é entender que os comportamentos, por mais difíceis que sejam, são parte do quadro da doença e não intencionais. Essa compreensão vai ajudar você a olhar para a situação com mais empatia e respeito. E, ao notar os primeiros sinais da Síndrome, será possível conversar com o idoso, acolher seus sentimentos de ansiedade e confusão mental com calma e tranquilidade.

Além disso, é importante promover mudanças no ambiente para amenizar os sintomas. Medidas simples como as listadas abaixo podem trazer resultados interessantes:

  • Abaixar o volume da TV e cuidar dos conteúdos a serem exibidos (nada de noticiários ou filmes de ação);
  • Evitar discussões ou conversas em volume muito alto;
  • Reduzir a bagunça e o número de pessoas no cômodo ocupado pelo idoso;
  • Evitar luminosidade ou escuridão excessivas;
  • Colocar uma música suave que seja familiar ao idoso;
  • Propor atividades simples, caminhadas leves ou ainda pedir que um amigo ou familiar ligue no período para distrair o idoso.

Segundo Juliana, uma “rotina mais regrada, com horário para refeições e um pouco de atividade física, quando possível, pode contribuir positivamente (na prevenção das crises)”.  Além disso, é importante que o idoso fique exposto à luz clara durante o dia para ajustar seu relógio biológico e cuidar para que o descanso diurno seja curto e não atrapalhe o sono à noite. Dormir bem é um importante fator para prevenir a Síndrome do Pôr do Sol.

Importante também não promover dias muito agitados, pois, isso pode levar às alterações de comportamento provocadas pelo cansaço. Evitar alimentos estimulantes como café, refrigerante, chá e também as bebidas alcoólicas ajuda o paciente a estar mais tranquilo ao entardecer, evitando que a Síndrome se manifeste.

Juliana alerta ainda para a importância de estar atento aos sinais de incômodos que a pessoa idosa possa estar sentindo. “Devido à demência ela não consegue expressar adequadamente e as dores podem aumentar irritação e agitação”, ressalta.

Caso os sintomas persistam, é importante contar com uma equipe de saúde especializada. Profissionais como médico, psicólogo, fisioterapeuta, fonoaudiólogo podem ajudar a encontrar a origem do problema e aliviar seus efeitos.

Essa é uma Síndrome multifatorial que exige cuidados muito específicos, sendo extremamente desafiadora e difícil para os familiares.  Contar com um cuidador de idosos especializado faz toda a diferença na qualidade de vida de toda a família.

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2 respostas

  1. Minha mãe tem essa síndrome!
    Eu ligo de 3 a 4 vezes ao dia pra ela, mas no entardecer ela só fala coisas tristes…
    Tem cuidadora, mas ela não é especializada…
    Moro longe e acabo tendo pena dela de vê-la desse jeito…

  2. Meu pai sofre com essa síndrome. Além dessa doença ele também é cego total. Nós da família revezamos os cuidados, mas infelizmente não conseguimos mudar essa rotina de trocar o dia pela noite. É bem desgastante.

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